O Murilo Romão é um ávido skatista. E a gente diz isso de várias formas, porque ele não é só um ótimo performer em cima do skate, como fora dele, ou filmando ele, ou editando ele. O Murilo é conhecedor profundo de tricks e de quem as dá, sempre fazendo projetos e vivendo o skate de várias formas.
O que é muito legal e conversa bastante com o que a gente acredita aqui no Trocando Manobras.

Dá pra achar o Murilo andando de skate, filmando seus amigos, fazendo ações sociais que envolvem skate, participando do coletivo Flanantes, enfim, é um cara multitarefado no skate, com certeza.
Sua última aparição foi manobrando. Sua videopart chamada CRASH saiu na última sexta feira e, como a gente gosta das coisas que ele faz, fomos atrás pra bater um papo sobre ela. Se liga:
Trocando Manobras: Essa é sua parte de número… Nem sei, você sabe quantas partes já fez?
Murilo Romão: Se minha memória anda boa, coisa que duvido, eu acho que deve ser a quinta, sexta, se for contar entre projetos maiores e menores, de marcas ou projetos independentes, se contarmos lançamentos de pro model com vídeos mais elaborados e coisas desse tipo talvez dê pra contar mais de dez.
Você já fez parte com videomaker, principalmente nas marcas e nos projetos de vídeo de terceiros. Dessa vez foi uma parte com amigos filmando. Qual a diferença? Tem lado bom e lado ruim?
É sempre menos pressão filmar entre amigos, isso posso afirmar. Se não render nada, não vai fazer diferença porque, de qualquer forma, estamos andando de skate e tentando nos registrar. Muitas vezes nos revezamos no rec, então se a manobra não tiver vindo, não é um problema desistir, como fiz várias vezes, e elas ficam mais experimentais e mais espontâneas.
Agora, quando você marca com alguém que sai de casa só pra filmar, a coisa fica mais séria e isso pode tornar o clima da sessão menos descontraído, você tenta até não aguentar mais, se puxa mais.
Gosto dos dois jeitos, as duas tem seu lado bom e ruim, algumas dessa vídeo foram feitas com videomakers mesmo que cederam a imagem mas a grande maioria foi com amigos que me incentivam e curtem filmar.
E também a grande maioria das imagens foram guardadas de sessões que estávamos filmando para outras coisas, sessões flanantes ou viagens que fiz.
Nos últimos anos você tem ficado bastante do lado de filmar e editar no coletivo Flanantes. Hoje você já gosta mais de filmar os outros ou prefere ainda andar de skate?
Talvez eu goste dos dois igualmente, andar e filmar, porque filmar e editar também me incentiva a pesquisar mais, já que os vídeos sempre tem tema, tem muitos picos que meu tipo de skate não permite que eu ande, então gosto de convidar as pessoas, às vezes um pico mocado também que todo mundo passa e ninguém repara.
É legal pensar nessas relações de skatistas com seu território também, é muito legal ir filmar skatistas em sua área. Essas coisas me motivam porque posso filmar pessoas que às vezes não tem oportunidade de filmar com videomakers profissionais por questões de mercado ou de isolamento mesmo. A famosa “panelinha”, que muitas vezes deixa apenas o recurso das redes sociais para skatistas com muito potencial que poderiam estar fazendo boas aparições em vídeos.
Uma intenção a cada vídeo é sempre trazer gente nova, inclusive esses dias filmei uma molecada de pirituba que eu nunca tinha andado, tá tudo guardadinho para sair no próximo vídeo.
Como está sua carreira de skatista profissional hoje?
Está bastante independente, andando porque gosto mesmo e me faz bem, com patrocínios ou apoios de marcas de amigos, mas fazendo várias outras correrias em paralelo porque grana vinda do skate profissão, não ganho mais.
O skate hoje tem um olhar voltado pra competição, pro Olímpico, pra fazer sucesso e carreira nesse lado. E como está pro lado core? Existe possibilidade ainda de se viver do skate core financeiramente?
Acho que ainda é possível, mas está cada vez mais difícil, é um panorama que me parece mundial, marcas pequenas, de amigos, pequenas crews que fazem seus produtos, com projetos e ideias muito interessantes mas sempre com trabalhos em paralelo ao skate, porque para viver mesmo de skate, algum patrocínio grande você precisa ter para se manter financeiramente.
Vejo que muito skatista vai ficando mais velho e vai fazendo outras coisas além do skate. Como está o futuro pra você?
O futuro é agora, haha. Eu já não me mantenho do skate faz alguns anos, talvez os últimos salários mensais que tive como skatista foi na época da pandemia, fiquei meio preocupado na época, então desde lá sempre venho buscando outras fontes de renda, como coisas na área de vídeo, educação, oficinas, curadoria, eventos, editais e projetos culturais, que tenham um olhar voltado para o skate de rua que se relacionam a outras práticas urbanas. E também tem um airbnb rolando, administrado por mim e pelo Pancho (Sra Keiko), pertinho do Vale, estamos nessa parceria faz mais ou menos 3 anos e tem dado certo.









Fazendo essa entrevista, pedi pro Murilo algumas imagens pra compor. Ele mandou as que a gente aqui mais gosta, as de vivência, dos amigos e dos regristros pessoais. Skate é íntimo.
