No fim de janeiro o projeto SNOW de Rodrigo Neves (SNOW, Tigersharks) lançou seu primeiro álbum de estúdio chamado “Fast N´Heavy Loud N´Slow” e tem os ingredientes certos: a atitude punk com o peso do stoner e a vontade de fazer sons pra andar de skate.

O Trocando Manobras trocou uma ideia com o Rodrigo pra saber mais sobre essas inspirações e da onde veio essa junção do skate e do stoner rock que é tão presente na vida dele (e nas nossas também).
TM: Quem chegou primeiro? O skate ou a música?
Rodrigo: Essa é difícil, mas lembro que desde moleque eu ouvia música e pirava na estética da parada. Eu lembro de ter ganhado um boneco do Gene Simmons do Kiss e mesmo sem saber o que era, eu achava muito foda. Mas eu era muito novo e não relacionava isso tudo à gêneros musicais específicos, mas sei que a música veio antes.
Eu ouvi muito rap quando era criança, tinha um amigo que me mostrou muita coisa nesse sentido e foi por causa disso que fui me aproximando do skate, até mesmo pelas roupas que eu usava, pelo que ouvia na época. Eu gostava de muito de Charlie Brown Jr. e fui a um show dos caras que mudou minha percepção do skate. Depois disso, comecei a andar e não parei mais.
E o mais louco que foi através do skate que conheci mais rock, metal, punk… Minha formação como roqueiro se dá por causa do skate!
E quando você começou a tocar?
Quando eu era bem moleque fiz aula de violão, mas fui levar a sério bem mais velho. Na minha adolescência comecei a tocar bateria, mesmo não pegando tão firme. Mas na faculdade as coisas tomaram mais corpo, montei uma banda e tive que ir pros vocais porque o primeiro cara que conheci era baterista também.
Depois de um tempo decidi tocar guitarra e tem sido assim desde então.

Como você conheceu o Stoner Rock?
Eu ouvia mais punk no começo e quando conheci o stoner rock mudei essa percepção. Quando conheci Bongzilla aquilo explodiu minha mente! Eu comecei a gostar pra caramba e ao mesmo tempo percebi que muito vídeo de skate tinha stoner, então foi nessa época que comecei a procurar mais bandas e ouvir mais metal.
Teve uma banda que foi crucial nessa junção que foi a The Shrine, que conheci através de um vídeo da Thrasher. Foi a primeira vez que vi que tinha uma certa junção de punk, vi que dava pra tocar punk lento e stoner rápido e isso abriu muito minha cabeça.
Naturalmente o som das bandas que tive foi indo em direção ao stoner e com a Snow foi quando consegui unir músicas rápidas e lentas e ser um som com bastante energia do punk e também bangear até quebrar o pescoço.
O SNOW fala de skate em algumas letras. Como é essa relação do skate e música?
É uma relação de coisas muito ligadas. Quando eu comecei a ouvir mais rock, logo no começo já achei as fitinhas do Skate Rock da Thrasher e descobri muitas bandas através disso.
Pra mim são coisas que me influenciam da mesma forma, não só na música. Eu sou ilustrador e a música e o skate influenciam minha arte também. Nas letras da Snow também o skate está presente e sempre quis fazer sons pra dar mais gás ainda na sessão. O skate super combina com o som que a gente gosta.
Os vídeos de skate também tem papel importante nisso. Quando tem aquela junção da música com as manobras fica uma parada muito foda, tipo nesse vídeo.
A banda tem uma pegada Do It Yourself, né?
Tem bastante! Eu faço todas as músicas, artes, material de divulgação e tudo mais, tento fazer o máximo possível. Tem pessoas que colaboram comigo e são muito importantes nesse processo.
Mas a ideia do projeto sempre foi de eu tentar fazer o máximo de coisas possível e com a pandemia eu fui obrigado a fazer isso de verdade. A essência do Do It Yourself está bem presente no SNOW, é o que é legal e o que é difícil ao mesmo tempo, mas é uma coisa presente com certeza.
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Ouça o álbum Fast N´Heavy Loud ´NSlow, lançado pela Decibel Magazine em 2021:
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O Snow é um projeto encabeçado por Rodrigo Neves (da banda Tigersharks) e gravado/executado durante a quarentena, SNOW conta também com a participação de Andrez Machado e Rodrigo Borba, cada qual contribuindo com uma parte da sonoridade gravada à distancia. As influências, segundo Rodrigo, vão de Black Flag a Eyehategod, e passam ainda por nomes como Revolution Mother, Nebula e The Shrine. Uma trilha sonora perfeita para um rolê de Skate embalado por muita fumaça.
Obrigado Matheus Jacques e Bruxa Verde!